EM BREVE
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O verão de 2023 marcou uma viragem preocupante para a Córsega, pontuada por acontecimentos catastróficos que minaram a sua imagem de destino paradisíaco. Entre incêndios devastadores, destruição de paisagens naturais emblemáticas e perturbação de infra-estruturas, a Ilha da Beleza parece mergulhada numa crise sem precedentes. Com consequências dramáticas na atracção turística, coloca-se a questão: estará o turismo, ponta de lança da economia da Córsega, em colapso? A análise desta situação envolve explorar as repercussões no comportamento dos visitantes, nos sentimentos das partes interessadas locais, bem como nas questões ambientais e sociais resultantes. Neste contexto, é fundamental olhar para o futuro desta região, entre a resiliência e a adaptação necessária face a um verão sombrio que poderá deixar marcas indeléveis.
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Uma temporada de verão preocupante #
Na encantadora aldeia de Zonza, no sul da Córsega, os donos de restaurantes enfrentam uma situação alarmante. No coração do maciço de Alta Rocca, a esplanada de um estabelecimento está longe de estar cheia, o que não é habitual no auge do verão. “Parece que a alta temporada ainda não começou”, observa uma trader com quinze anos de experiência. A atmosfera é muito diferente daquela normalmente observada em julho e agosto.
Embora a afluência de visitantes seja ligeiramente superior à da Primavera, a realidade nesta região é marcada por uma queda significativa no comparecimento. Segundo dados da Câmara de Comércio e Indústria da Córsega, registou-se uma diminuição de 10% no número de passageiros nos aeroportos da ilha em relação ao ano anterior. Do lado marítimo, a diminuição é mais moderada, atingindo menos de 2%.
Um setor em declínio #
As estatísticas revelam uma tendência preocupante, nomeadamente uma regressão já observada durante o verão anterior. Com efeito, o INSEE reporta um declínio de 8,1% em 2022 em comparação com 2021. Esta situação suscita preocupações entre os profissionais do setor. Francis Berfini, hoteleiro em Poggio-Mezzana, não hesita em soar o alarme: “Estamos a caminhar para o desastre”, declara, referindo-se à perda de um terço do seu comparecimento.
Torna-se cada vez mais óbvio que a Córsega já não é vista como um destino atraente em comparação com outros territórios mediterrânicos. Os intervenientes no turismo começam a questionar seriamente as causas deste crescente descontentamento.
Questões de transporte #
Entre os problemas identificados, o alto custo da transporte parece ser uma das principais preocupações. Os profissionais do turismo apontam que os preços dissuasivos do transporte marítimo e aéreo poderão estar na origem desta descida. Muitos turistas escolhem outros destinos mais acessíveis financeiramente.
- Aumento dos preços dos bilhetes de avião e ferry
- A ausência de promoções atrativas para os visitantes
- Ligações de transporte limitadas durante períodos de pico
Esta situação levanta a questão da competitividade da Córsega face a outros destinos de verão, que parecem responder melhor às expectativas dos veranistas em termos de relação qualidade-preço.
Uma resposta necessária #
Perante esta crise, é urgente que as partes interessadas do turismo insular se mobilizem para revitalizar a atratividade da Córsega. As iniciativas poderiam considerar:
- Desenvolver ofertas promocionais em bilhetes de transporte
- Colaborar com profissionais de turismo para repensar estratégias de marketing
- Melhorar a acessibilidade aos principais destinos
Numa altura em que a ameaça de um Verão sombrio pesa sobre a ilha, a capacidade de resposta e a criatividade dos intervenientes locais serão essenciais para conseguirem contrariar esta tendência preocupante. O turismo na Córsega encontra-se num ponto de viragem que não pode ignorar.
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