A _sátira mordaz_ da exploração espacial, orquestrada por Musk, se convida para as telonas graças a Bong Joon-ho. Em seu último filme, este mestre do cinema sul-coreano retrata sem rodeios as _vaidades dos bilionários_ diante dos desafios interestelares. Os protagonistas, capturados nessa farsa cósmica, questionam nossa obsessão por um futuro tecnológico considerado glorioso e ideal. Evocar a figura de Musk, emblemática desse sonho espacial, levanta preocupações sociopolíticas essenciais sobre a imortalidade prometida pelas tecnologias inovadoras. Enquanto a humanidade se projeta para o desconhecido, esta obra cinematográfica desafia nossa relação com o espaço e com a realidade dos _compromissos empresariais_.
Visão Geral
Bong Joon-ho critica a exploração comercial do espaço.
O filme “Mickey 17” aborda a absurdidade do egocentrismo dos bilionários.
Elon Musk é retratado através de um personagem megalomaníaco.
O protagonista, Mickey, representa a classe trabalhadora descartável.
O filme oferece uma sátira das ambições interplanetárias modernas.
O diretor explora a ligação entre tecnologia e humano.
Uma representação caricatural da exploração espacial contemporânea.
Uma mistura de comédia negra e socioanálise.
O filme é uma reflexão sobre nossa relação com o espaço.
Estreia prevista na Coreia do Sul em 28 de fevereiro.
A sátira da exploração espacial #
O último filme do diretor sul-coreano Bong Joon-ho, intitulado “Mickey 17”, se apresenta como uma sátira ácida da viagem interplanetária, ressaltando os desvios dos bilionários tecnológicos como Elon Musk. Com humor negro e um olhar crítico, Bong consegue desviar as aspirações grandiosas da exploração espacial ao narrar a história de um herói atípico, Mickey, que encarna a classe trabalhadora. Este filme, revelador da dicotomia entre as promessas utópicas da tecnologia e a realidade da nossa condição humana, convida o espectador a reconsiderar sua relação com o espaço.
O quadro narrativo #
“Mickey 17” segue as peripécias de Mickey, um explorador espacial propenso a acidentes, envolvido em uma missão de colonização de um planeta gelado. O protagonista representa os mais vulneráveis, designado como um “descartável” pelo elitismo que caracteriza esta empreitada espacial. Através das desventuras de Mickey, Bong Joon-ho traça um retrato ao mesmo tempo trágico e cômico, explorando as consequências da irresponsabilidade dos ricos, simbolizados por um bilionário arrogante, muito semelhante a Elon Musk.
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Eco das tensões sociopolíticas #
A figura de Musk, que encarna essa frenética inovação tecnológica, é sutilmente destacada. O personagem de Mark Ruffalo, que retoma essa caricatura de um bilionário em busca de conquista espacial, ilustra as ambições desmedidas daqueles que se acreditam acima das leis humanas. Esta crítica incisiva aos “tecno-utopianos” sublinha a desconexão entre a realidade dos indivíduos e as visões grandiosas do espaço. O filme revela assim os perigos de tal visão orquestrada por atores privados, frequentemente motivados por interesses pessoais em vez do bem comum.
Uma reflexão sobre o desencanto #
Bong Joon-ho questiona o sonho de uma viagem espacial como fuga dos problemas terrestres. Em “Mickey 17”, os passageiros embarcam em uma nave espacial como se estivessem pegando um voo noturno, aturdidos por um mundo que se tornou inóspito. Esta atitude desengonçada em relação à exploração interplanetária questiona as verdadeiras motivações dos seres humanos em deixar uma Terra em crise. O filme recicla assim os arquétipos da aventura espacial, mas os mergulha em um contexto profundamente cínico, ressaltando um apelo desesperado à compreensão de nosso lugar no universo.
Uma virada estilística #
Com “Mickey 17”, Bong Joon-ho rompe com sua abordagem audaciosa das classes sociais, como já foi enfatizado em sua obra-prima anterior “Parasita”. Este último filme apresenta um tom mais caloroso, contrastando com a brutalidade e o cinismo observados em suas obras anteriores. A ênfase é colocada na absurdidade dos comportamentos humanos, traduzindo como essa idiotice compartilhada poderia, por fim, tornar os personagens mais cativantes. É uma mudança de coração, mas também um convite a abraçar nossa loucura coletiva em um mundo onde a exploração espacial se torna uma metáfora de nossa corrida desenfreada.
Um olhar para o futuro #
A visão de uma viagem a Marte, inscrita no imaginário coletivo por Musk, é aqui examinada com humor e lucidez. A ideia de colonizar outros planetas parece sedutora, mas o filme revela sua vacuidade diante dos desafios terrestres persistentes. Através de Mickey e seus companheiros de viagem, este filme convida o público a refletir sobre a relevância da exploração espacial em um mundo onde a indiferença vem acompanhada da dor humana. A sátira transcende o simples entretenimento, propondo uma crítica séria das aspirações ambiciosas das novas elites tecnológicas.